Thursday, April 16, 2015

to ficando surda com meu próprio silencio
eu me apego tentando te apagar
e me aconchego na raiva
não saem palavras, só tem um vazio bem grande
esquece e me esquece
sou muita informação pra sua mente

Tuesday, April 14, 2015

todas as vezes que te beijo, beijo como se fosse a última vez

Sunday, April 12, 2015

minhas amigas sempre falavam que não era possível tu não gostar de mim.
porque tu sempre me perdoava quando eu fazia merda e jogava tudo para o alto.
mas agora eu consigo ver.
coisas que antes não conseguia.
talvez por ser uma daquelas coisas que de tão óbvias ninguém enxerga.

hoje enxergo que é exatamente por tu não sentir absolutamente nada por mim que tu sempre me perdoou.
porque tu nunca se machucou.
no máximo ficou irritado.
nunca doeu nada do que eu te fiz.

queria não sentir tudo sozinha.

Monday, April 06, 2015

Perco tempo escolhendo palavras quando no fim pouco importa o que sair da minha boca.

Monday, March 30, 2015

você abriu o portão de casa com a cara fechada, mas logo abriu um sorriso porque gostou da minha nova tatuagem. seus dentes a mostra, minha vontade de te agarrar aqui e agora.

entramos na sala e por alguns minutos ficamos sentados como dois estranhos. até que você deitou no meu colo. me pediu carinho como há tempos não fazia. como há tempos eu sentia falta. envolvi seus cabelos com meus dedos e senti medo de que você pudesse ler meu pensamento. por um momento senti vontade de chorar. pensei que nunca. a vida pra voltar a ter você assim, relaxado e manhoso.

enquanto você se virava aninhado nas minhas coxas eu imaginava no que estaria pensando. seu rosto se virando para mim e todas as mensagens corporais mostrando que ainda me queria. que já não importava. que o agora era mais. me acariciou. pensei, foi. escorei a cabeça pra trás.

deitei na sua cama e você me beijou. meus lábios abertos em êxtase. seus lábios percorrendo toda a minha boca aberta. a necessidade estampada em nossos rostos. você me queria. eu sempre te quis. a eletricidade quase palpável. pensei "não te mereço".

eu quis dizer tanta coisa. quis dizer que precisava de ti. que sentia saudades toda vez que pisava fora desse portão e beijava tua boca sem saber quando. que doía toda a noite que dormia sozinha. que eu amava o cheiro da tua nuca e poderia passar a vida inteira beijando a tua boca. eu queria me afogar em ti!

fiquei calada.



Wednesday, September 03, 2014

for a good time call

a luz solar invadia a casa e incidia diretamente no seu rosto, marcando a mandíbula bem desenhada e a barba perfeitamente por fazer.

minha tatuagem mostrando ao mundo tudo o que eu queria ser e nunca.

o momento que tudo acabou e parece que faz anos. parece que.

a sensação de que nos enganamos aqui e agora, e sabemos, mas não nos importamos. só queremos estar juntos. estar. agora.

frustrações disfarçadas em um apetite sexual latente. minha boca entreaberta. seu sorriso bobo. eu. você.

o amor não existe. o que existe nesse tempo são apenas lampejos de um sentimento que foi morto. o que existe é minha mão. acariciando seus cabelos. o que existe são seus dedos. adentrando minha boca. o agora é apenas meus olhos verdes. shinning like a diamond. eu. você. juntos. sozinhos.

a toalha molhada deixada sobre a minha cama. ela, te esperando. eu, sentindo teu cheiro.


Monday, August 25, 2014

The girl you like

Você deitou do meu lado e começou a me acariciar. Enquanto suas mãos repousavam sobre a minha nádega eu pensava em uma desculpa para tirar você da minha cama. Levantou sem sono e eu fiquei com muito dele. Chorei, mas não dormi.

Quando eu estava curada de minha própria dor. A semana inteira acariciando seus cabelos e beijando sua boca. Não é mais suficiente. Eu queria sentir amor, mas estou apavorada. E o medo que sinto é o de contar para ele, mesmo sem querer, que você me beijou deitada na grama da praça XV.

Talvez você tenha se enganado a meu respeito. Talvez meu corpo esguio e meus cabelos loiros tenham lhe causado uma falsa impressão. No fundo, eu nunca fui quem você amou. No fundo, eu nunca me importei. No fundo.

Mas eu posso te fazer tão bem. No fundo, eu sei. Onde eu estaria se não tivesse tanto medo de externar o que sinto? Talvez no mesmo lugar. Ou aí, na sua cama, escutando qualquer música que tocasse no rádio enquanto assistia a chuva caindo na janela, em cima de seu ombro nu. Caindo relaxado sobre o edredom. Ah, Lolla!

"Amar alguém só pode fazer bem / Não há como fazer mal a ninguém / Mesmo quando existe um outro alguém / Mesmo quando isso não convém"


Tuesday, April 15, 2014

Sobre tudo que não foi um dia

Há 8 anos ela sonhava em estar aqui. Sentada nesse apartamento vazio com um cigarro na mão e ninguém para conversar. A distância que a separa de quem ela é para quem ela foi é bem maior do que os 115km até sua cidade natal. Seu bom gosto musical não torna os dias menos silenciosos. Ela já não escreve. Ela já não faz planos. Ela já não tem sonhos.
Talvez tudo que ela viveu foi uma viagem de LSD que não aconteceu. Já não lembra o que fazia há 8 anos atrás. Lembra que era triste e que isso a mantinha viva. Hoje só não é feliz. Ninguém é. Ela preferia ser triste, pois poderia escrever sobre isso, mas agora já é tarde. Sente-se morta. Só os ignorantes são felizes.
Traça uma linha do tempo imaginária para tentar se reencontrar. Mas hoje ela só queria ficar sozinha, trancada, comendo pizza às quatro horas da tarde e fumando um cigarro atrás do outro sem ninguém para lhe julgar.
Pensa se reconheceria as feições da menina que viveu há quase uma década. Chora. Já não pode lembrar. É muito frio e ela velha. Lembra de tudo o que não fez. Os shows que não assistiu, os festivais que não compareceu, o livro nunca escrito. Já não tem uma história para contar.

Wednesday, July 18, 2012




Você reclama que eu não quero conversar, mas sinceramente ainda há algo a ser dito? Ou a mesma ladainha de sempre que nos leva a cair nesse mesmo abismo milhares de vezes? A distância entre amor e ódio. Seus olhos furiosos. Para mim. Furiosos comigo. Às vezes pessoas boazinhas demais me dão nojo!

Como você queria que eu me sentisse? Se quando nós brigamos meus pais sempre ficam contra mim, se eu brigo com alguém da sua família você sempre fica contra mim, eu não sou tão forte quanto aparento. Talvez fosse mais fácil aguentar uma manada de búfalos me pisoteando, mas não isso. A não ser que eu fique quieta. Que eu cale essa minha boca e não me meta! Não é isso que vocês dizem? "Por que que tu tinha que ti meter?"

Eu fui criada em um lugar onde não se aceita traição e pessoas duas caras. Eu apanhei muito quando menti e aprendi que mentir é feio e machuca. Talvez não lhe ensinaram isso e você teve que aprender sozinho, mas a questão é que eu não vou mudar e os que te rodeiam também não.

Se antes você era a única coisa que eu tinha é porque na verdade nunca tive nada.
Pelo menos eu sou verdadeira, não finjo na frente dos outros algo que não sou! Falo mais do que devo, erro muito, mas sou EU!

Tuesday, July 10, 2012

O dia sem adeus



A cada dia mais eu esqueço do seu rosto, da sua voz, do seu jeito carinhoso e ao mesmo tempo firme de me chamar. “Taila!”. Eu tenho tanto medo de esquecer completamente, que prefiro não lembrar, assim é impossível constatar que com o passar dos anos a lembrança daqueles que amamos passa a ser mais uma história bonita para contar do que algo que de fato aconteceu.

Se ao menos seus últimos anos ao nosso lado tivessem sido bons, eu não choraria. Mas me dói lembrar de todo o sofrimento, do dia em que você caiu na praia, na rua de trás da nossa casa, eu lhe ajudei a levantar e fingi que nada estava errado, mas estava.

Em meio a tantas bobagens cotidianas eu lembro do dia em que você não disse adeus. Era um dia quente de Janeiro, eu estava na praia, tão tranquila. Você fez questão de que a família comemorasse o Natal e Ano Novo, só você né, vô?

Sunday, July 08, 2012

Fins



Aquele momento em que vocês sabem que aquilo acabou, mas ninguém tem coragem de dizer. Talvez não dizer faça com que seja irreal. Iludir a si mesmo, quer melhor pílula da felicidade? Todos os anos e planos feitos perdidos em uma simples palavra: fim.
Talvez ele fosse muito racional, talvez ela fosse muito emotiva. Talvez ele fosse muito perfeito e ela muito inconstante. A questão é que suas mãos não encaixavam mais como antigamente, seus planos sozinhos eram mais interessantes que os a dois. O dia antes de se verem fluía melhor, mais calmo, sereno. Quando foi que surgiu essa escuridão?
Ela queria dormir na praia e ver o por do sol, enquanto você estava preocupado com a segurança e em se molhar na chuva. Ela queria viver coisas novas, você sonhava com carros automáticos. Ela queria um terreno bom para os cachorros e você uma garagem grande. Casar na igreja pra que? Ela preferia viajar com você para o fim do nada, mas o telefone insistia em tocar.
Família, quando ela mal estava aprendendo a lidar com a dela você exigiu que entendesse e aceitasse a sua. Você passava o dia falando mal da própria mãe e blasfemando contra a irmã, mas se ela queria ir logo embora da sua casa era ela “que não suportava passar 30 minutos com a sua família”. A sua família, a mesma família que fazia meses que você não almoçava junto, que fazia questão de ver no máximo duas vezes durante a semana, sua cama em casa nem tem mais seu cheiro. O que você tinha a dizer a respeito disso?
Quando não somos felizes no lugar mais romântico do planeta, há algum problema. Quando achamos que passar o dia dos namorados juntos é besteira, há algum problema. Quando há pouco sexo, há algum problema. Quando não temos uma música nossa, há algum problema.
Ela simplesmente não consegue mais passar uma borracha. Acabou. Todas as brigas anteriores e não resolvidas terminadas em um “é, a gente precisa conversar”. Precisamos, há muito tempo, mas agora a única coisa que consigo dizer é que não dá mais.
Talvez seja mais difícil recomeçar enquanto esperamos a campainha tocar.

Saturday, June 19, 2010

Oi...
Estou esperando, quando você vai dizer que me ama?
Ou melhor... você me ama?

Thursday, May 31, 2007

NEW BLOG MOTHAFUCKA!

É com ares de novidade que informo aos meus leitores assíduos (hahahahha, pera to rindo, hahahaha) que o Palavras Vomitadas não funcionará mais nesse endereço, então:
http://taayovergore.blogspot.com
contudo, deixarei os textos que já estão aqui no mesmo lugar :]

http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
(7 vezes para dar sorte!)

Saturday, May 26, 2007

Língua dos que não falam pela boca dos normais

Eu não agüento mais. Não agüento mais ter que carregar toda essa culpa por melhorar. Não agüento mais acordar todo o dia de manhã e ver a semana passar sem querer ver ninguém. É difícil não ter de quem sentir falta. Meus amigos moram longe e talvez eu nunca os conheça. É estranho, mas possível. Não suporto mais escrever aqui! Não suporto mais os sábados entediantes, ridículos, deprimentes e horripilantes que passo nessa cidade horrível. Com esses abutres me cercando! Eu só quero meu dinheiro, vão embora POR FAVOR!
Faz mais de um mês que eu não digo algo que as pessoas entendam. Talvez eu tenha criado a minha própria língua, bom, então posso falar mal dos outros em voz alta e isso é bom. Só não quero que cochichem de mim quando eu estou perto. Acho tão perigoso pra vocês, sério.
Preciso aprender a escrever na minha língua de novo.

Wednesday, May 23, 2007

abutrecídio

podre podre podre
é todo mundo assim, a diferença é que eu olho pra minha maldita cara de manhã cedo e sei BEM o que sou. eu sou um lixo, um lixo bonitinho, mas lixo. eles pensam que sua podridão está muy bem escondida, mas EU enxergo. eu sempre tive o dom de saber quando as pessoas mentem, é sério. não me minta pela internet pq eu vou saber. é fato. e é fato também que eu minto mais de cem vezes por dia. todo mundo é assim e eu não me sinto nem um pouco culpada.
ultimamente tem quem queira dar lição de moral. se jogam bêbados e drogados em qualquer canto, tranzam com todos os zé ninguéns com quem esbarram e acham que são "felizes". eu vou ter uma vida e vou ter muito dinheiro e não preciso me casar para isso. enquanto todo mundo tá se sujando no esgoto eu to lavando a cara, porque um dia, ah! um dia a gente olha pra trás e vê cadáveres e olha pra frente e vê desgraça e olha pro lado e vê os que te levam até lá. daí a gente (eu) percebe no que se transformou, verme inescrúpulo, e enxota todos os abutres nojentos que estão ao seu redor. mas sempre há os cegos, aqueles que nunca vão ver o que realmente são, é desses que eu estou fugindo.

Saturday, May 12, 2007

Não tenho aparecido por aqui e talvez seja por medo. É, tenho medo de escreve porque é a única forma de por pra fora e comigo na maioria das vezes é melhor deixar tudo como está, sem pensar, se eu penso eu sempre desisto. Eu mudo de caminho e passo a não arriscar tanto. Não gosto assim, eu quero é parar de ter pena das pessoas que eu machuco com o que eu falo, se você tem pena o correto seria calar, mas eu não consigo ser assim. Sabe, é difícil quando a bonitinha explode. Suja tudo e todos porque a podridão é bem grande, mas isso todo mundo já sabe.
E sabe, ela não agüenta mais acordar de manhã sentindo dor, nem todos conseguem encarar a degeneração do próprio corpo, ainda mais se for sem café e coca zero, mas ela consegue. Ela aprendeu a ser forte por fora que é pra ninguém pisar em cima. E outra coisa, ela adora pisar em cima. Em grupo é melhor ainda. Ela esmigalha, depois fica com pena e no outro dia pisa mais, é seu hobby.
A menina decidiu que vai ser alguém. E ela sempre consegue. Sempre. Ela quer causar inveja, mas talvez ela já cause e nem saiba. Queria escrever um texto na mesma pessoa o tempo todo, mas é mais fácil botar pra fora em terceira pessoa.
Agora ela vai embora, que há mais uma presa para a noite.

Monday, April 23, 2007

Eu não tenho escrito mais porque não tenho tido inspiração, sabe? Parece que a gente tenta a vida inteira agradar os outros e chega num ponto que nem sabe mais como se agrada à si mesmo. Daí de repente nos isolamos dos outros, do mundo, da família, do cachorro. E tem sempre um filho da puta pra ficar pedindo o que aconteceu. Mas você não responde que está procurando a si mesmo porque você nem sequer responde. Você procura consolo do lado de fora. E algumas vezes encontra. E eu encontrei. E às vezes dói desfazer laços, mas eu sempre fui de descartar, então dói mais pros outros e você se sente culpada por algo que está além do seu controle.
Eu só espero não ter que ouvir mais nada, porque eu estou cansada demais pra responder qualquer coisa que seja óbvia demais pra ser explicada.
Não falo nada sobre esse post, tchau.

http://taaaila.blogspot.com

Sunday, April 08, 2007

tom pastel

Sabe, eu queria inventar um mundo onde eu e você pudessemos viver. Ele seria todo em tons de pastel pra que não pudessemos sentir. Eu conseguiria dormir a noite e você não me faria falta. Você me trataria apaticamente, como sempre, mas eu não encararia isso como algo ruim.
Eu nunca mais lhe diria nada bonito e a gente talvez conseguisse conversar sobre coisas banais uma tarde inteira. Sem você me criticar o tempo todo, sem eu pedir que você morra e sem você dizer que eu sempre entendo as coisas erradas. Eu nunca mais teria que ouvir que não sou garota pra você. Porque eu sei disso e não é ouvindo da sua boca que eu irei aceitar melhor.
Talvez eu não escrevesse se não fosse páscoa, a casa estivesse vazia, os cadernos cheios de matérias que eu não irei estudar, a cabeça com planos que nunca saem do papel e o coração sempre doído. Tem dias em que eu sinto tanta saudade, mas tanta saudade que eu nem sei de onde vem. Ela fica ofuscada, você me entende? É, eu sei que não, mas adoro perguntar só pra ouvir sua voz. Você está sentindo? É sempre assim quando cai o orvalho, mas você sempre vai embora antes. Seria estranho se eu não ficasse aqui sozinha. Talvez no meu mundo tons de pastel nós iremos embora no mesmo metrô. E não vai chover quando eu dizer adeus, porque a gente sempre volta pra onde tudo começou.

Wednesday, April 04, 2007

O nunca sempre acaba

Primeiro a gente grita, pula e acha que mandamos em todos. Daí a gente briga com os amigos da escola antiga e é aí que as coisas começam a piorar. É um tombo atrás do outro, mal nos recuperamos e já caímos novamente. Nem dá tempo de assimilar a dor. A gente deixa nossos pais quase loucos e achamos sempre que temos razão e que nunca iremos mudar. A gente corre deles tão rápido que se esquece de planejar o caminho. A gente não tem um caminho.
Depois a gente se desespera porque vê que não sobrou nada. Que os castigos acabaram, mas não temos ninguém com quem sair. E daí vem a dor. E a gente esconde ela bem lá no fundo, pra que ninguém tenha pena de nós. A gente nunca quis ser fraco e sozinho. E dói mais por saber que era a única coisa boa a ser feito. E então nós mudamos. Porque toda grande revolução precisa de uma grande crise para ocorrer. Daí a gente fica feliz e nem vê mais que já foi outra coisa. Imploramos por um pouco de atenção e carinho. E nos revoltamos porque achamos que podemos mudar o mundo. E quando a gente descobre que não dá a gente chora. E dói mais ainda.
Só então percebemos que deixamos de estudar para sair e que agora deixamos de sair para estudar. Nunca conseguimos conciliar as duas coisas e vivemos frustrados porque precisamos de respostas e mal sabemos qual é a pergunta. Corremos contra o tempo, contra o vento, contra todos que dizem que não é necessário, que não é possível, que não é para nós. Porque apesar de tudo a gente ainda tem um pouco daquilo que nos move, um pouco daquela esperança, não mais de mudar o mundo, mas a nós mesmos. E é aí que descobrimos que não precisamos provar a mais ninguém que somos bons, desde que consigamos provar a nós mesmos.

Saturday, March 24, 2007

destruir tudo o que você tocar

Começa mais uma vez o ritual sagrado. Ela senta com a garrafinha de água cheia, pouco tempo pra não fazer nada e no media player é sempre a mesma música que toca.

Às vezes ela levanta mais cedo do que o já cedo horário rotineiro, porque ela acha que é bom mudar um pouco. Às vezes ela só precisa de um pequeno empurrão, mas é costume já que ela receba um tranque. E é sempre a mesma música que toca quando ela, eufórica, grita. E sempre é quente quando ela fica feia e demente.

Confusão é pouco pra quem tem apenas dezessete anos. Ela tem a mania de escrever a idade em seus textos e por isso morre de medo de chegar aos trinta. Todos irão saber, é inevitável. E ela se mata estudando pra no outro dia afogar tudo o que existe em tortinhas de chocolate e pinga. Nunca é tarde pra parar.

Ela só acha idiotice chamar o trabalho das prostitutas de indigno. Indigno é acordar todos os dias antes do galo pra no final do mês ganhar trezentos reias e passar fome. Digno é passar fome pra ser magra e ganhar muito dinheiro transando com homens casados que só bebem whisky importado e freqüentam o Iate Club. Na cidade dela não tem Iate Club, mas pouco importa. Ela acha digno trabalhar e no final do mês fazer compras na Gucci e na D&C. Mesmo que esteja em promoção.

Quando a música termina ela publica.

Saturday, March 17, 2007

Eu sempre vou ser a menina gorda e sardenta apaixonada pelo garoto popular da escola. Por mais que eu emagreça, que a base disfarce o pior e que eu pise em cima de qualquer indício de testosterona por perto, eu sei que eles ainda me olham assim.
É sábado de noite e eu sempre perco os melhores shows da minha vida. Essa cidade diminui à medida que enche folhas do meu diário. Eu queria um caderno novo, com páginas em branco, pra escrever uma história bonita e emocionante, igual aquela que eu imagino sempre antes de dormir. Mas faz tempo que não neva por aqui e cada dia há menos coisas para se contar, e há cada semana são mais folhas em branco.

Hoje é só um sábado meio chuvoso, meio frio, meio perfeito. Eu deveria sair correndo daqui e tentar um ingresso VIP em algum barzinho novo. Mas eu sempre esqueço que aqui é Lajeado, e que não há novidades em Lajeado, e que não há ingressos vip em Lajeado. Aqui as pessoas se vestem com a mesma roupa e tem o mesmo corte de cabelo desde que eu nasci. Chove desde que eu nasci. Você nunca mais falou comigo depois que eu nasci.

Meu amigo gay espera por um telefonema que eu não posso dar. Chove. Não há ninguém em casa além de mim. Não há ninguém em casa. A gente precisa de meia caixa de comprimidos pra depois acordar e ver que loucura é a realidade. Loucura é acordar todo o dia numa cidade decadente e idolatrá-la. Loucura é trabalhar por menos de dois mil reais por mês. É aturar você falando sempre que eu sou melhor, me ignorando, me chamando de volta. Eu sempre volto, aliás, eu adoro quando você me manda ir embora, porque eu sei que você sempre me pede pra voltar. E é sempre em março que faz um mês que eu ti beijei e você não lembra. Lá fora chove.

Thursday, March 15, 2007

menina de ouro

Ela andava rápido, suando, à passos sofridos. Quase corria. Até que passou por um grupo de pessoas que lhe perguntaram o porquê da pressa. Ela lhes respondeu e eles disseram que era bobagem, que não daria certo. Então ela parou para descansar e eles correram na sua frente.
Fim.

Tuesday, March 13, 2007

Jefree Star

A maioria das meninas da minha idade quando saem num sábado à noite voltam pra casa com no máximo um namorado -ou namorada que seja- eu volto com um cachorro a tira-colo, melhor, uma cadela. Quando eu cheguei ao carro minha mãe me olhou com aquela cara que insinua que eu estou cada dia mais louca, mas eu não desisti, e não entrei até que ela "permitisse" que a cadela fosse junto.
Cheguei em casa quatro e meia da madrugada. Tive que deixar a Jefree, é esse o nome da cadela, no pátio dos fundos e levar a Crystal, minha outra cadela, pra dormir no meu quarto. Ok! Não consegui pegar no sono até quase seis horas da manhã, porque fiquei com medo que a Jefree fizesse barulho e meu pai acordasse.
No domingo, acordei antes das oito, pra dar banho na minha nova hóspede, já que eu havia prometido que na segunda-feira eu arranjaria um lugar pra ela ficar. Lavei com Elséve, porque o anti-pulgas da Crystal tinha acabado. Meu pai acordou, pediu o que era aquilo e só disse que segunda-feira ela iria embora. Ok.
Chegou segunda-feira. Cheguei em casa. Chorei de meio-dia no pátio dos fundos, escondida e abraçada na cadela. Minha mãe chegou e pediu onde eu iria deixá-la. Respondi que decidia isso quando voltasse da academia. A cabeça já doendo. O coração doído.
Voltei da academia e minha mãe só voltou pra casa de noite. Eu não havia achado absolutamente nenhum lugar pra deixar a minha segunda princesa (a primeira é e sempre vai ser a Crystal). Meu pai chegou em casa e brigou comigo porque eu descumpri o tratado. Mas deixou-a ficar mais uma noite.
Hoje minha mãe teve que me buscar no colégio porque eu tava passando mal da cabeça e do estômago. Fui pra casa e dormi até duas e quinze, quando o telefone tocou e minha mãe falou que o nosso grameiro iria ficar com a Jefree. Tudo bem, respondi. Fui pros fundos de casa e dei pão na boca dela, e ela pulava e me lambia e eu olhava pra ela e a achava tão doce e bonitinha. Aquele pêlo preto e branco, o corpo magro da fome, a semelhança com cocker spaniel.
A campainha tocou. Eu abri a janela e o grameiro gritou com aquele jeito alemão: "A main tisse que tem um cachoro pra mim peca aqui" Falei que ia buscar ela. Fui pros fundos, peguei-a no colo, ela chorou, a mostrei pro homem e ela latiu pra ele. Falei que era pra ele cuidar bem dela, dar bastante comida porque ela tava magrinha e que o seu nome era Jefree. Ele respondeu que ia alimentar ela bem e não conseguiu pronunciar o nome, então sugeri que a chamasse somente de Dje. Disse tchau, dei as costas pra ele rápido e saí correndo pra ele não ver que eu tava chorando. E que ainda to. E que eu queria que a Jefree ficasse comigo, porque eu amei ela desde o momento em que ela atravessou a rua e se deitou do meu lado. E porque eu ao menos sei pronunciar o nome dela. A minha cabeça voltou a doer e eu acho que pode até passar, mas o coração doído eu não sei.

Saturday, March 03, 2007

penhasco da esquina

por que maldita razão eu continuo a atender o telefone se já sei que vai doer?
menina que corre atrás de tudo que tem medo. para para para.
pés cansados já não agüentam o algodão. é fácil dizer que é difícil quando não se tenta, pior que isso é tentar e não conseguir.
frases clichês que ela já não suporta. cansou de escrever, olhar pra trás e ver sempre a mesma coisa.
nada muda? ela muda? fica muda que é pra não ti machucar. fala que odeia porque gosta de ver o olho dela chorando.
o instinto sadomasoquista sempre prevalece.

Wednesday, February 21, 2007

Monday, February 19, 2007

God save the world (réplica)

Eu pedi e ele me deu.
Muito obrigado mundo,
que tal um milhão de dólares agora?

Sábado

quando o peito aperta e não é o sutiãn,
quando o estômago dói e não é fome,
quando você quebra a cabeça e não é física.
às vezes quando eu piso em poças de lama, no meio da chuva,
eu vou lembrar de ti.
atacada que sou, caminhante.
pisando na areia pra agüentar todo o peso,
just it?!
a gente tinha um mundo de coisas,
escolhas diferentes,
destinos iguais.
joga a toalha na areia,
a maré cresce e nossos pés cansam.
dança por toda madrugada.
adeus é muito vago
pra quem o futuro é incerto.

Domingo

Desgraçado seja esse mundo que sempre faz com que chova nas despedidas.
Mais ruim que isso é não poder dizer adeus.
Goodnight boy.
Me lembra sempre que eu não sou menina pra você.
Putamundoinjustomeu.

Saturday, February 17, 2007

Carnajunkie

Eu ia escrever um post totalmente deprê, porque eu ia ir pra praia sozinha e todo esse lenga-lenga de quem adora fazer da sua vida um drama para ter um texto razoavelmente bom, maaaaas... FODA-SE! Porque a Cary acabou de me ligar e novamente ela vai junto comigo! Sim, sim, sim! Não sei como o pai dela deixou ela sair comigo pelo terceiro final de semana seguido, mas isso não importa, o que interessa realmente é que não preciso mais perder tento planejando um bom papo para fazer amigos no carnaval e ter com quem sair, porque agora eu tenho a Cary e com ela é TUDO mto mais fácil. Eba eba eba!

Eu odeio carnaval, mas esse final de semana me reserva algo estranho. Sabe aquela coisa de tudo o que você pensa acontecer totalmente ao contrário? Bem-vindo à minha vida.

Goodnight girl

Ela esquece de ser a menininha boa quando pisam no seu calo. Grita nos ouvidos pra que a escutem melhor. Hei! Alguém capaz de ultrapassar a parede da sua mente? Alguém capaz de tirar-lhe o sono? Ela acha que não, ela sempre pensa que é impossível acontecer novamente, que é irremediável seu destino. A filhinha de papai tem bondade no peito e arrogância na voz, é inevitável depois de tantos empurrões, chutes, facadas e traições continuar com toda essa meiguice no rosto. Ela está velha e todos sabem, todos dizem, ela já não se importa. As feições serenas deram lugar a uma alma triste, que voa de casa em casa à procura de um lar que seja seu.
Ele pensa que ela tem tudo. Não enxerga a tristeza dos seus passos, a solidão do seu olhar. Sua vida é sempre a pior, a dela é boa, a dela é uma aventura. Mas ele não entende que ela já cansou de não ter pra onde fugir. Ele diz não ter amigos, os dela estão por aí, eles mudam, em questões de semanas, dias, horas. Ela sabe se adaptar, ele não sai de casa nem pra ir à padaria. Todas as chances são maiores pra ela, diz o garoto. Ela chora. Já cansou disso tudo. Já cansou do olhar das pessoas, da facilidade do "eu te amo", da inconstância da amizade. Sua passagem é tão cara quanto à dele, então porque pra ela seria mais fácil?
Ela corre para o mar, sozinha, e finge não ter medo e não se importar, mas fica claro em cada tragada que dói. A menina vai dormir, porque talvez amanhã ela acorde e debaixo do seu travesseiro, uma passagem pro paraíso.

Friday, February 16, 2007

sal desgosto

Eu queria escrever difícil. Queria escrever de um jeito que as pessoas precisassem de um dicionário para entender. Queria entrelinhas escondidas debaixo de cada frase. Queria antíteses, zeugmas, hipérboles, eufemismos, mas é tudo tão cru, tudo tão sem sal. Onde eu compro tempero pra língua?

O preço

-Ei! Vira de lado
-O quê foi?
-Onde você comprou essa bolsa?
-Na praia.
-Qual praia?
-Camboriú. Balneário Camboriú.
-Quanto você pagou?
-Vix. Paguei dez pila!
-O quê? Quer me vender ela? Por vinte pila?
-Nã..
-Trinta!
-Cinqüenta?
-Vai tomar no cu!


Porque eu não me vendo barato.

Thursday, February 15, 2007

Eu não sei mais escrever. Just it. Desaprendi. Um belo dia eu acordei e as palavras não saiam. Acho que elas ficaram nos sonhos. Não posso mais fazer isso.